segunda-feira, 30 de maio de 2016

SANTO ROSÁRIO: mais poderoso que a bomba atômica!



Há 70 anos aconteceu a explosão da bomba atômica em Hiroshima, um dos episódios mais dramáticos na história da humanidade. No dia 6 de agosto de 1945, festa da Transfiguração, muito perto de onde caiu a bomba “Little Boy”, quatro sacerdotes jesuítas alemães sobreviveram a esta catástrofe e a radiação – que matou milhares de pessoas nos meses seguintes – não causou nenhum efeito neles. Esta história, documentada por historiadores e médicos, é conhecida como o Milagre de Hiroshima.

Os jesuítas Hugo Lassalle, superior no Japão, Hubert Schiffer, Wilhelm Kleinsorge e Hubert Cieslik, estavam na casa paroquial da Igreja jesuíta de Nossa Senhora da Assunção, em um dos poucos edifícios que resistiu à bomba. No momento da explosão, um dos jesuítas estava celebrando a Eucaristia, outro tomando café da manhã e o outros estavam nos arredores da paróquia.

Conforme escreveu o Pe. Hubert Cieslik em um jornal, somente sofreram pequenos ferimentos por causa de cristais quebrados, mas nenhum efeito da radiação, nenhuma perda de audição, nem qualquer outro dano.


Os médicos que atenderam os jesuítas, alguns dias após a explosão da bomba, lhes advertiram que a radiação recebida lhes causaria lesões graves, assim como doenças e inclusive uma morte prematura.

Mas, este prognóstico nunca aconteceu. Não desenvolveram nenhum transtorno e em 1976, exatamente 31 anos após a explosão da bomba, o Pe. Schiffer foi ao Congresso Eucarístico na Filadélfia, relatou sua história e disse que os quatro jesuítas ainda estavam vivos e sem nenhuma doença. Foram examinados por dezenas de doutores cerca de 200 vezes ao longo dos anos seguintes e nunca encontraram em seus corpos qualquer consequência da radiação.

Os quatro religiosos nunca duvidaram de que tinham gozado da proteção divina e, em particular, da Virgem: “Nós acreditamos que sobrevivemos porque estávamos vivendo a Mensagem de Fátima. Nós vivíamos e rezávamos o Rosário diariamente naquela casa”, explicaram.

O Pe. Schiffer escreveu “O Rosário de Hiroshima”, um livro por meio do qual relata tudo o que ele vivenciou.

Nos 70 anos da explosão atômica em Hiroshima, o Bispo de Niigata e Presidente da Cáritas Ásia, Dom Tarcisius Isao Kikuchi, difundiu uma mensagem na qual sublinha que o Japão pode contribuir à paz “não com novas armas, mas com suas atividades de nobreza e grande história no crescimento mundial, de maneira particular nas consideradas nações em via de desenvolvimento”.

O prelado acrescenta que “com esta contribuição ao desenvolvimento, que leva a pleno respeito e à realização da dignidade humana, seria muito apreciado e respeitado pela comunidade internacional”. Cada ano, entre os dias 5 e 15 de agosto, o país celebra uma Oração pela Paz.


Em Hiroshima e Nagasaki morreram cerca de 246 mil pessoas, a metade faleceu no momento do impacto e o resto das pessoas algumas semanas depois pelos efeitos da radiação. A bomba de Hiroshima coincidiu com a solenidade da Transfiguração do Senhor e a rendição do Japão ocorreu no dia 15 de agosto, solenidade da Assunção da Virgem Maria.

(Fonte: ACI Digital) 

domingo, 29 de maio de 2016

10 Pensamentos de Santo Agostinho sobre as tentações


1 - Adão caiu, porque não se recomendou a Deus na hora da tentação.

2 - Toda tentação é uma forma de inquisição. Por meio dela o homem se conhece a si mesmo.

3 - Fecha a porta para que não entre o tentador. Ele não deixa de chamar, mas se vê que a porta está fechada vai em frente. Só entra quando te esqueces de fechá-la ou não a fechas com segurança.

4 - Nossa vida é uma peregrinação. E, como tal, está cheia de tentações. Porém, nossa maturidade se forja nas tentações.

5 - Ninguém conhece a si mesmo se não é tentado; nem pode ser coroado, se não vence; nem vencer, se não luta; nem lutar, se lhe faltam inimigos. Se rejeitas a tentação, rejeitas também o crescimento.

6 - Coloca-te, pois, nas mãos do Artífice, sem restrições. Ele te corrige, te lustra, te limpa. Para isso serve-se de vários instrumentos: são os escândalos e tentações do mundo. Não fujas das mãos do Artífice e não temas: Deus permite as tentações, não para te arruinar, mas para fazer-te mais forte.

7 - O mundo combate contra os soldados de Cristo com duas armas e táticas diferentes. Uma arma é a sedução; sua tática, criar angústia. A outra é o medo; sua tática, semear desânimo.

8 - O demônio não influência nem seduz ninguém se não encontra terreno propício. Quando o homem ambiciona uma coisa; sua concupiscência legítima as sugestões do demônio. Quando um homem teme algo, o medo abre uma brecha em sua alma pela qual se infiltram suas insinuações. Por essas duas portas, a concupiscência e o medo, o demônio se apodera do homem.

9 - Imita a formiga. Sê formiga de Deus. Escuta a Palavra de Deus e guarda-a em teu coração. Abastece tua dispensa interior durante os dias felizes do verão e assim poderás encarar os dias difíceis da tentação durante os invernos de tua alma.

10 - Procurai preencher com deleites espirituais o vazio dos desejos da carne: leituras, orações, salmos, bons pensamentos, prática frequente de boas obras, esperança no mundo futuro e um coração inflamado no amor de Deus.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Sagrada Comunhão. Por que antes dizemos: "Senhor eu não sou digno"?


Consagración del pan y del vino - pt

Por que antes da comunhão dizemos “Senhor, eu não sou digno…”? De onde vem esta frase? E por que é dita justamente nesse momento da Missa?

 “Por que na missa, antes de nos aproximarmos da Eucaristia, dizemos: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo?”

A fórmula citada pelo leitor faz parte do rito de comunhão da celebração Eucarística e constitui a última preparação antes de receber sacramentalmente o corpo e o sangue de Cristo na missa.

O contexto está claro para todos: imediatamente depois da Oração Eucarística, com a presença de Jesus no altar, nós nos dirigimos juntos a Deus, chamando-o de Pai; depois recebemos e intercambiamos o dom da paz, primeiro dom do Ressuscitado; em seguida, acontece a fração do Pão Eucarístico, acompanhada do “Cordeiro de Deus”; finalmente, chegamos às palavras recitadas antes só pelo sacerdote e depois junto com os fiéis, enquanto eleva a hóstia consagrada partida: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. – Senhor, eu não sou digno que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”.

A Instrução Geral do Missal Romano, falando do rito de comunhão, no número 84 indica o sentido preciso destas palavras: “O sacerdote mostra aos fiéis o pão eucarístico sobre a patena ou sobre o cálice e convida-os para o banquete de Cristo; e, juntamente com os fiéis, faz um ato de humildade, utilizando as palavras evangélicas prescritas”.

A Igreja escolheu, como último momento da preparação para o recebimento da Eucaristia, retomar as palavras do centurião romano de Cafarnaum, quando pediu a Jesus que curasse seu servo fiel: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado” (Mateus 8, 8).

A atitude de extrema humildade e de profunda confiança que caracterizou esse oficial pagão ao pedir a intervenção salvadora de Cristo em sua casa – uma verdadeira e autêntica profissão de fé – quer e deve ser a atitude de todos nós, sacerdotes e fiéis (estas palavras são pronunciadas por ambos, padre e povo) no momento em que estamos a ponto de receber o Senhor em nosso coração.

Certamente, nenhum de nós é “digno” de Jesus, de sua presença e do seu amor, mas sabemos pela fé que basta somente um gesto, uma palavra, um olhar para que ele nos salve.

Fórmulas parecidas, imediatamente antes da comunhão, já aparecem desde o século X; gradualmente se afirma, do século XI em diante – ainda que com diversas variantes – a oração do centurião romano, frequentemente recitada três vezes.

Depois da reforma litúrgica, o Missal de Paulo VI (1970) conservou estas palavras, mas pronunciando-as uma só vez e omitindo o gesto do peito e o sinal da cruz com a hóstia, usados desde o século XV.

Ainda hoje, mesmo tendo passado tanto tempo, todos nós confiamos nas palavras evangélicas desse homem para renovar nossa atitude de humildade e de confiança, esperando poder obter, como ele, o milagre da salvação.



(Roberto Gulino, professor de liturgia na Faculdade Teológica da Itália Central)

quarta-feira, 25 de maio de 2016

De onde vem a palavra "HÓSTIA"?



Certa vez, pensando sobre o “Sacramento da Caridade”, me fiz a seguinte pergunta: por que será que costumamos associar “Eucaristia” com “hóstia“?

Fala-se em adorar a hóstia, ajoelhar-se diante da hóstia, levar a hóstia em procissão (na festa de Corpus Christi), guardar a hóstia… Uma criança chegou certa vez para a catequista e perguntou: “Tia, quanto tempo falta para eu tomar a hóstia?”. Ela se referia à primeira comunhão.

Tive então a ideia de ir atrás da origem da palavra “hóstia”. Corri para um dicionário (aliás, vários) e descobri que, em latim, “hóstia” é praticamente sinônimo de “vítima“. Aos animais sacrificados em honra dos deuses, às vítimas oferecidas em sacrifício à divindade, os romanos chamavam de “hóstia”. Aos soldados tombados na guerra, vítimas da agressão inimiga, defendendo o imperador e a pátria, eles chamavam de “hóstia”. Ligada à palavra “hóstia” vem a palavra latina “hóstis“, que significa “inimigo”. Daí vêm palavras como “hostil” (agressivo, ameaçador, inimigo), “hostilizar” (agredir, provocar, ameaçar). A vítima fatal de uma agressão, por conseguinte, é uma “hóstia”.

Então aconteceu o seguinte: o cristianismo, ao entrar em contato com a cultura latina, agregou no seu linguajar teológico e litúrgico a palavra “hóstia” exatamente para se referir à maior “vítima” fatal da agressão humana: Cristo, morto e ressuscitado.

Os cristãos adotaram a palavra “hóstia” para se referir ao Cordeiro imolado (vitimado) e, ao mesmo tempo, ressuscitado, presente na Eucaristia. A palavra “hóstia” passa, pois, a significar a realidade que Cristo mesmo mostrou naquela ceia derradeira:

“Isto é o meu corpo entregue… o meu sangue derramado”.

O pão consagrado, portanto, é uma “hóstia”, aliás, a “hóstia” verdadeira, isto é, o próprio Corpo do ressuscitado, uma vez mortalmente agredido pela maldade humana e agora vivo entre nós, feito pão e vinho, entregue como alimento e bebida: Tomai e comei… Tomai e bebei…

Infelizmente, com o correr dos tempos, perdeu-se muito deste sentido profundamente teológico e espiritual que assumiu a palavra “hóstia” na liturgia do cristianismo romano primitivo e se fixou quase que só na materialidade da “partícula circular de massa de pão ázimo que é consagrada na missa” – a tal ponto que acabamos por chamar de “hóstias” até mesmo as partículas ainda não consagradas!

Hoje, quando falo em “hóstia”, penso na “vítima pascal”, penso na morte de Cristo e na sua ressurreição, penso no mistério pascal. Hóstia para mim é isto: a morte do Senhor e a sua ressurreição, sua total entrega por nós, presente no pão e no vinho consagrados. Por isso que, após a invocação do Espírito Santo sobre o pão e o vinho e a narração da última ceia do Senhor, na missa, toda a assembleia canta: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus”.

Diante desta “hóstia”, isto é, diante deste mistério, a gente se inclina em profunda reverência, se ajoelha e mergulha em profunda contemplação, assumindo o compromisso de ser também assim: corpo oferecido “como hóstia viva, santa, agradável a Deus” (Rm 12,1). Adorar a “hóstia” significa render-se ao seu mistério para vivê-lo no dia-a-dia. E comungar a “hóstia” significa assimilar o seu mistério na totalidade do nosso ser para nos tornarmos o que Cristo é: hóstia, entregue em serviço aos irmãos.

E agora entendo melhor quando o Concílio Vaticano II, ao exortar para a participação consciente, piedosa e ativa no “sacrossanto mistério da Eucaristia”, completa: “E aprendam a oferecer-se a si próprios oferecendo a hóstia imaculada não só pelas mãos do sacerdote, mas também juntamente com ele, e, assim, tendo a Cristo como Mediador, dia a dia se aperfeiçoem na união com Deus e entre si, para que, finalmente, Deus seja tudo em todos” (SC 48).

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Frei José Ariovaldo da Silva, OFM



domingo, 22 de maio de 2016

ORAÇÃO À SANTÍSSIMA TRINDADE: AO PAI, AO FILHO E AO ESPÍRITO SANTO.






ORAÇÃO AO PAI ETERNO

Pai-Nosso! Abbá! Papai!
Quão doce é esse título e atributo que escolhestes Senhor Deus, e que nos foi revelado por Jesus, vosso Filho Unigênito, e pelo Espírito Santo!
Quem somos nós, ó Deus infinito, Deus Criador, Deus Altíssimo e Todo-Poderoso; quem somos nós para vos chamar de Pai? Somos tão pequenos, tão pobres, tão “nada” perante a vossa imensa glória e majestade! Porém, pensando melhor, não terá sido exatamente essa nossa insignificância e miséria que atrai o vosso olhar, Pai? Vós sois um Deus de Amor, de Bondade e Compaixão! Com quem Vós exercitaríeis todos esses atributos divinos? Além do mais, em nós, mesmo pecadores e maus, sempre vislumbrais aqueles traços benditos e adoráveis de Jesus, vosso Filho santíssimo, que, assumindo nossa natureza humana, se identificou conosco, míseros pecadores, chamando-nos de seus irmãos e irmãs.
Sim, Pai, posso chamar-vos assim: meu Pai, nosso Pai! Graças a Jesus, nosso Deus e Salvador, no qual pondes todas as vossas complacências e vosso olhar, fui adotado por Vós como filho (a)! Assim, é no Nome de Jesus, por Ele, Nele e com Ele que vos adoro, honro e glorifico, pois isso é justo e digno de ser feito a cada instante, a cada respiro e a cada pulsar de meu coração. Que seria de mim, Pai Criador, se vossa misericórdia infinita não me sustentasse? Poderia viver sem Vós? Poderia respirar ou mover-me sem vosso consentimento? Estultos e loucos são os que não crêem em Vós! Que tolas criaturas são essas que não acreditam Naquele que lhes deu a vida e mantém-na cada dia? Perdão por tanta descrença, Pai!
Vossa Paternidade é dulcíssima e abrange a todos, até mesmo aos maus e ingratos, como nos disse Jesus. Por isso quereis tanto, ou melhor, exigis que nos tratemos uns aos outros como irmãos! Vós mesmo nos dais o bom exemplo nos tratando a todos, sem distinção de raça, cor, religião ou até mesmo de comportamento, como vossos filhos e filhas bem-amados!
Porém, é verdade, ó Pai, que não forçais ninguém a vos amar. Não sois um Deus opressor. Respeitais nossa liberdade e quereis homens e mulheres livres para vos amar. Pedimos humildemente que nos deis a graça de usar dessa liberdade exatamente para isso: para vos desejar, buscar, conhecer, amar e servir, como a nosso Deus Único e Verdadeiro, sendo-vos sempre agradecidos, retribuindo-vos tanto amor e graça recebidos.
Pedimos também a grande graça de ver em cada homem e mulher um irmão ou irmã nossos e neles reconhecer os traços, mesmo muito ocultos, de Jesus nosso Senhor.
Sim, Pai, pois tudo isso é para nós “paz na terra” e realização daquele Reino que quereis ver já iniciado aqui, agora, no mundo, para depois nos ser revelado glorioso e pleno no Paraíso Celeste, que nada mais é do que ver-vos claramente, sem véus, com Jesus nosso Senhor, na Unidade do Espírito Santo. Amém! Amém! Amém!
Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória.



ORAÇÃO A DEUS FILHO

Santíssimo e Dulcíssimo Deus Filho, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o divino Emanuel, ansiado pelos patriarcas e justos, anunciado pelos profetas de Israel: também nós vos adoramos e glorificamos, devotando-vos o mesmo louvor e honra que tributamos ao vosso Pai Celeste!
Sim, Senhor, Verbo de Deus, Sabedoria Infinita e Encarnada, gerado, não criado no Seio do Pai desde toda a eternidade; gerado como verdadeiro homem, no tempo e na história, no seio puríssimo de Maria: nós cremos em Vós e vos amamos!
Cremos que sois Senhor e Salvador, que descestes do Céu e, “nascido de uma mulher” (Gálatas 4, 4), vos fizestes verdadeiro homem, sem jamais deixardes de ser verdadeiro Deus. Cremos que tendes o mesmo poder, a mesma sabedoria e a mesma glória que tem Deus Pai e que sois Rei de todo o Universo.
Cremos que Vós nos amastes infinitamente e que vos oferecestes para descer do Céu até nós, para assumir a nossa fragilidade e limitações humanas, porém, mantendo-vos ainda plenamente Deus e Senhor, Santo, Justo e Imaculado.
Cremos em tudo que nos ensina e revela vossos Santos Evangelhos a respeito de vossa Encarnação, vida familiar, vida pública, Paixão, Morte e, especialmente, em vossa Ressurreição, centro e ápice de nossa fé.
Cremos que vossa vida toda, Senhor Jesus, é “mistério de fé”, contemplado e meditado por Maria, vossa Santíssima e Virginal Mãe, e testemunhado pelo Espírito Santo na Igreja e no mundo através de vossos Santos Apóstolos.
Queremos, antes de tudo, dar-vos um grande, caloroso e sincero “muito obrigado”! Sim! Muito obrigado! Que seria de nós sem Vós, Senhor Jesus? Devemos tudo a Vós! Deus Pai nos criou por causa de Vós (Colossenses 1, 16), nos salvou por meio de Vós (I João, 4) e nos santifica pelo Espírito Santo enviado por Vós (João 15, 26)! Que mais podemos dizer?
Além do mais, além de vossa vida, nos destes todos os vossos mais preciosos dons e tesouros. Nos destes vossa Mãe, a Virgem Maria, para ser também nossa Mãe! Destes-nos a Igreja, vossa Noiva e Esposa, para também ser nossa Mãe e Mestra. Destes-nos a vossa própria missão (João 20, 21b)! Pelo que entendo de tudo isso, vós nos associastes a Vós mesmo, como somente um bom e santo Irmão o faria... Que lindo, Jesus Que mistério de bondade! Obrigado, mais uma vez, Jesus!
Pois bem, diante de tanta bondade e de tanta graça manifestadas por Vós, se opõe nossa imensa miséria, nossa indignidade e ingratidão. Sim, Jesus, diferentemente de Vós, que sois Santíssimo e Obedientíssimo, somos grandes pecadores!Que faremos? Como remediar tal situação? Vós mesmo, ó Jesus, destes a solução quando dissestes: “tomai sobre vós o meu jugo”. Sim! Eis a solução: confiança e abandono totais em vossas mãos, Senhor! Que mergulhemos totalmente em vossa misericórdia infinita e nos recolhamos em vosso Sagrado Coração para daí haurirmos todo o perdão e toda graça que necessitamos! Que nos deixemos banhar em vosso Sangue Precioso, que nos escondamos no fundo de vossas Sacrossantas Chagas, que bebamos da Água viva que jorra de vossa Santíssima Alma e nos deixemos iluminar com a luz de vossa Santíssima Face!
Amém, amém, amém!
Jesus, eu confio e espero em Vós! (3x)






ORAÇÃO A DEUS ESPÍRITO SANTO

Ó Divino Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, Doce Amor do Pai e do Filho, Artífice da Criação, Espírito dos Profetas, Espírito Santificador e Consolador, também nós vos adoramos e bendizemos!
Cremos que existis desde a eternidade na Trindade das Pessoas e na Unidade da essência divina!
Cremos que sois o Espírito do Pai e do Filho e que procedeis eternamente de ambos. Assim, também sois Deus Eterno e Todo-Poderoso, igual em tudo às divinas Pessoas do Pai e do Filho, merecendo, com Eles, igual adoração e reverência.
Cremos em vossa presença e ação divinas em todas as obras “ad extra” de Deus! Estavas lá, no início dos tempos, na origem do universo, “pairando sobre as águas”, isto é, cobrindo com vosso amor e graça tudo aquilo que o poder do Pai e a sabedoria do Filho iam criando.
Cremos que mesmo de forma velada conduzias os homens ao desejo de buscar e conhecer a Deus, apesar dos empecilhos de nossa natureza humana corrompida e enfraquecida pelo pecado.
Cremos que acompanhastes vosso povo santo, Israel, em toda a sua caminhada e que inspirastes muitos homens e mulheres a viverem em justiça e temor de Deus. Também falastes, ó Divino Espírito, pela boca de muitos profetas para orientar e conduzir o povo de Deus, exortando-os à conversão e perseverança!
Todas essas obras prepararam o mundo para as duas mais grandiosas obras de vossas mãos: a Virgem Maria, obra prima da criação divina, futura Mãe do Verbo Encarnado e a própria Encarnação do Verbo, maior milagre de Deus!
Cremos que cobristes a Virgem Maria, vossa Eleita e Escolhida, com a vossa “sombra”, ornando-Lhe a imaculada e puríssima alma com todos os dons, virtudes e carismas possíveis a uma pura criatura. Cremos que dEla e nEla formastes o Corpo Santíssimo de Jesus, Nosso Senhor e Salvador.
Cremos que unistes a Pessoa do Verbo, Deus Eterno e Todo-Poderoso, à fragilidade, pobreza e pequenez da natureza humana, numa perpétua e definitiva hipóstase, selando a amizade e reconciliação do gênero humano com o Criador.
Cremos que acompanhastes sempre a Jesus tanto em sua vida escondida como na pública. Manifestastes de modo particular vossa presença e união com Ele quando O ungistes Messias ou Cristo logo após ser batizado por São João Batista, vosso último profeta, com as águas do Jordão. Também naquele momento Vós pairastes “sobre as águas”, glorificando e ratificando a missão salvífica “Novo Adão”, Cristo Jesus.
Cremos que estáveis com Jesus em todas as suas pregações, discursos, exortações, curas e milagres. Cremos que falastes pela boca de São Pedro quando o mesmo deu testemunho de Jesus. Vemos vossa presença naquela nuvem que envolveu a todos, como outrora fazíeis no Monte Horeb e Sinai. Também vos contemplamos falando pela boca das pequenas crianças de Jerusalém que saudavam o Messias hosanas de júbilo em sua entrada triunfal.
Agias com vosso poder infinito na Instituição da Eucaristia, milagre portentoso de amor, e no poder sacerdotal concedido por Jesus aos seus apóstolos.
Cremos que acompanhastes todo o martírio do Filho de Deus, sofrendo com Ele igual dor, pois sois o Amor Infinito que Ele tem pelo Pai e por toda a humanidade!
Também vos vemos, ó Divino Espírito, no momento da Ressurreição vitoriosa de Jesus, qual Luz que expulsa e desmancha as trevas da incredulidade e frieza humanas; Jesus ressuscitado vos “soprou” sobre os Apóstolos para que eles recebessem o dom e a incumbência de perdoar pecados e para manifestar que, embora invisível, sois como o vento: dinâmico e impulsionador de almas.
Sobretudo, ó Divino Paráclito, Prometido do Pai, vos contemplamos no Cenáculo, no dia de Pentecostes!
Naquele benditíssimo dia manifestastes vossa glória, por vezes oculta aos homens, e vos derramastes sobre a Igreja nascente formada no alicerce da Virgem Maria e dos santos Apóstolos. O “trovão” nos revela a vossa aproximação. Sim! Sois forte e poderoso, Senhor! Todos nós devemos a Vós adoração e temor reverente. Também sois “vento” impetuoso que varre o mal e impele a Igreja, a “Barca de Pedro”, sempre adiante; sois “fogo” que ilumina, aquece e purifica as almas, transformando a matéria e purificando o “ouro” e “prata” dos corações. Também sois “língua”, pois o amor comunica o amor, transmite o amor, através dos gestos e palavras.
Ó divino Espírito, por Jesus, por Maria, tende piedade de nós!
Vinde, vinde, vinde sobre nós! Derramai um “novo Pentecostes” em vossa santa Igreja! Transformai nossas vidas!
Fogo suave, Fogo Abrasador, Hóspede de nossas almas, vinde!
Vinde, Espírito de Sabedoria! Que compreendamos o que é e qual é a vontade de Deus em nossas vidas!
Vinde Espírito de Ciência! Que vejamos e consideremos tudo como Deus vê e considera, nada mais ou nada menos que isso!
Vinde, Espírito de Entendimento! Que nós entendamos a vossa Palavra revelada nas Sagradas Escrituras!
Vinde, Espírito de Fortaleza! Que sejamos fortes na luta cotidiana contra o maligno, o mundo e nossa própria carne!
Vinde, Espírito de Piedade! Que amemos a Deus sobre todas as coisas, de todo o coração,com toda nossa alma e com todas as nossas forças, sendo-Lhe gratos e amorosos!
Vinde, Espírito de Temor a Deus! Que tenhamos um profundo respeito, consideração e vênia diante de vossa presença divina e que, renunciando ao mal e ao pecado, procuremos sempre fazer vossa vontade! Possamos temer vos ofender, não por medo, mas por amor!
Vinde, Espírito de Conselho! Que saibamos dar bom testemunho e encaminhar a todos os homens e mulheres de boa vontade para Deus!
Vinde, Espírito Santo! Vinde, Espírito Santo! Vinde!
Amém! Amém! Amém!
(03 Glória ao Pai)


                                                 Giovani Carvalho Mendes, ocds

                                                                                                (25 de junho de 2006)

domingo, 15 de maio de 2016

O que nosso Anjo da guarda faz após nossa morte?


O Catecismo da Igreja Católica, referindo-se aos santos anjos, ensina no número 336 que, “desde o início até a morte, a vida humana está cercada de sua custódia e intercessão”.

A partir disso, conclui-se que a pessoa conta com a proteção e guarda do seu anjo mesmo no momento da sua morte. Ou seja, os anjos não nos acompanham somente nesta vida, mas sua ação se prolonga até nossa morte, nossa passagem para a vida eterna.

Para entender a relação que une os anjos às pessoas no momento de sua passagem à outra ida, é preciso compreender que os anjos foram “enviados para todos aqueles que hão de herdar a salvação” (cf. Hb 1, 14).

Ou seja, a principal missão do anjo da guarda é a salvação do ser humano, é fazer que a pessoa entre na vida de união com Deus. E, nesta missão, encontra-se a assistência que o anjo dá às almas no momento em que se apresentam diante de Deus.

Os Padres da Igreja destacam a especial missão dos anjos de assistir as almas na hora da morte e protegê-las dos últimos ataques dos demônios.

São Luís Gonzaga (1568-1591) ensina que, no momento em que a alma abandona o corpo, esta é acompanhada e consolada pelo seu anjo da guarda para que se apresente com confiança diante do tribunal de Deus.

Segundo o santo, o anjo apresenta os méritos de Cristo, para que neles se apoie a alma no momento do seu juízo particular; e, uma vez pronunciada a sentença pelo Divino Juiz, se a alma é enviada ao purgatório, esta recebe a visita frequente do seu anjo da guarda, que a conforta e consola, levando-lhe as orações que foram feitas por ela e garantindo-lhe sua futura libertação.

A missão dos anjos da guarda continua até levar a alma à união dom Deus.

No entanto, é necessário levar em consideração que, depois da morte, nos espera um juízo particular, no qual a alma, diante de Deus, pode escolher entre abrir-se ao amor de Deus ou rejeitar definitivamente seu amor e seu perdão, renunciando assim, para sempre, à comunhão alegre com ele (cf. João Paulo II, audiência geral de 4 de agosto de 1999).

Se a alma decide entrar em comunhão com Deus, seu anjo se unirá a ela para louvar eternamente o Deus Uno e Trino.

Se a alma precisa passar pelo purgatório, seu anjo intercederá por ela diante do trono de Deus e buscar ajuda entre os homens na terra para levar orações ao seu protegido, ajudando-o a sair do purgatório o quanto antes.

As almas que decidem rejeitar definitivamente o amor e o perdão de Deus, também rejeitam a amizade eterna do seu anjo da guarda. Neste terrível evento, o anjo louva a justiça e santidade divinas.
Em qualquer um dos três possíveis cenários (céu, purgatório ou inferno), o santo anjo sempre se alegrará com o juízo de Deus, pois ele se une de maneira perfeita e total à vontade divina.

Nunca nos esqueçamos de que nós podemos nos unir aos anjos dos nossos entes queridos já falecidos, para que eles levem nossas orações diante do trono de Deus, para que o Senhor manifeste sua misericórdia.


(Pe. Antônio Maria Cárdenas, para o site “Aleteia”)

sábado, 14 de maio de 2016

OS PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO: pecados que "levam à morte".





PECADOS “QUE LEVAM À MORTE” OU CONTRA O ESPÍRITO SANTO.

Foi-me pedido por minha mãe que eu explicasse dois trechos das Sagradas Escrituras que são, digamos, um pouco “difíceis”: um está contido na Primeira Epístola de São João, capítulo 5 e versículos 16 e 17, e se refere a “pecados para os quais não se deve rezar” e o outro está contido nos Evangelhos de São Mateus, São Marcos e São Lucas e se refere ao pecado ou “blasfêmia” contra o Espírito Santo.
Realmente, numa “primeira análise” parecem um pouco estranhos, pois, os Santos Evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João parecem contradizer a infinita Misericórdia divina e o dever que nós cristãos temos de rezar pela conversão de nosso próximo e de todos os pecadores.

I)                 PECADOS QUE “LEVAM À MORTE”:
Transcrevo os mesmos versículos em duas versões: uma da Bíblia “Ave Maria” e outra da Bíblia da “CNBB”.

Bíblia Ave Maria:
16. Se alguém vê seu irmão cometer um pecado que não o conduza à morte, reze, e Deus lhe dará a vida; isto para aqueles que não pecam para a morte. Há pecado que é para morte; não digo que se reze por este.
17.Toda iniquidade é pecado, mas há pecado que não leva à morte.

Bíblia da CNBB:
16. Se alguém vê o seu irmão cometer um pecado que não leva à morte, que ele reze, e Deus dará a vida a esse irmão. Isso quando o pecado cometido não leva para a morte. Existe um pecado que leva para a morte, mas, não é a respeito desse que eu digo para se rezar.
17.Toda injustiça é pecado, mas existe pecado que não leva para a morte.

Este texto não pode ser lido fora de contexto. Explico. No contexto atual, isto é, na atualidade, nos parece muito estranho o Evangelista dizer que existem pecados pelos quais não se deve rezar... No entanto é preciso entender esse texto no contexto daquele tempo, isto é, dos chamados “tempos apostólicos” ou “primórdios da Igreja”, que englobam a segunda metade do século I,  todo o século II e a primeira metade do século III.  
Naquele tempo, os cristãos aderiam à fé com grande CONVICÇÃO. Quem se convertia, se convertia de verdade; “para valer”, como diríamos hoje em dia. Praticamente não havia, como existe hoje, cristãos “de faixada”, isto é, que são cristãos, mas, não vivem a sua fé. Assim, quem se convertia e pedia o Santo Batismo, o fazia com grande fé e convicção do que estava fazendo. Sabia que dali por diante teriam que levar uma “vida nova”, uma “nova vida em Cristo”, sem nenhum pecado, mesmo venial ou não grave. Sim. A “coisa” era levada bem a sério. Após o Batismo, não se admitia ao cristão ou à cristã que voltasse ao “homem velho”, pois, pelo Batismo, aquela pessoa estava “morta para o pecado”, em Cristo Jesus.
Assim, quando naquele tempo acontecia de alguém pecar venialmente, ele tinha que confessar suas faltas a toda assembleia de cristãos de sua comunidade. Já pensaram? Assim, a comunidade rezava pelo perdão daquele pecado e o sacerdote (presbítero ou bispo) dava o perdão do pecado e impunha uma penitência (muitas vezes bem severa).
Quando, por infelicidade (e isso era raro naqueles santos tempos) alguém cometia um pecado grave ou mortal, era praticamente EXCOMUNGADO, isto é, ficava FORA DA COMUNHÃO DA COMUNIDADE ECLESIAL. Vocês estão achando isso exagero? Quem se lembra do que aconteceu com Ananias e Safira, dois cristãos que tentaram enganar São Pedro com relação à venda dos bens que possuíam? Vocês lembram essa passagem? Já leram ela? Pois bem, a história foi narrada por São Lucas no livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 5, versículos do 01 ao 10. Façam uma pequena pausa e leiam esse trecho de Atos...
(transcrevo)
1. Um certo homem chamado Ananias, de comum acordo com sua mulher Safira, vendeu um campo 2. e, combinando com ela, reteve uma parte da quantia da venda. Levando apenas a outra parte, depositou-a aos pés dos apóstolos. 3. Pedro, porém, disse: Ananias, por que tomou conta Satanás do teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e enganasses acerca do valor do campo? 4. Acaso não o podias conservar sem vendê-lo? E depois de vendido, não podias livremente dispor dessa quantia? Por que imaginaste isso em teu coração? Não foi aos homens que mentiste, mas a Deus. 5. Ao ouvir estas palavras, Ananias caiu morto. Apoderou-se grande terror de todos os que o ouviram. 6. Uns moços retiraram-no dali, levaram-no para fora e o enterraram. 7. Depois de umas três horas, entrou também sua mulher, nada sabendo do ocorrido. 8. Pedro perguntou-lhe: Dize-me, mulher. Foi por tanto que vendestes o vosso campo? Respondeu ela: Sim, por esse preço. 9. Replicou Pedro: Por que combinastes para pôr à prova o Espírito do Senhor? Estão ali à porta os pés daqueles que sepultaram teu marido. Hão de levar-te também a ti. 10. Imediatamente caiu aos seus pés e expirou. Entrando aqueles moços, acharam-na morta. Levaram-na para fora e a enterraram junto do seu marido. 11. Sobreveio grande pavor a toda a comunidade e a todos os que ouviram falar desse acontecimento.
Pois é, irmãos e irmãs... Naqueles tempos os Apóstolos tinham que agir com maior rigor, pois, o Evangelho era encarado com seriedade, bem diferente de como é hoje em dia...  Além do mais, a lei evangélica esta começando a ser divulgada e implantada... Se já começasse “com moleza”, sem seriedade e responsabilidade, teria conseguido se implantar?
Pois bem, quando acontecia da pessoa se arrepender de um pecado mortal cometido e pedia perdão à comunidade, o presbítero ou o bispo que acolhia a confissão, antes de dar o perdão sacramental, impunham uma duríssima penitência como condição para o pecado fosse perdoado. E detalhe: avisando que no caso de uma reincidência não o seria mais! As penas realmente eram duras: meses e meses de jejuns e demonstração de humildade (p.ex. andar “vestidos de saco” e com cinzas na cabeça), peregrinar aos Lugares Santos e ali fazer penitências, servir aos pobres e necessitados durante muito tempo, não permitir a entrada no local da Missa (tinham que assistir do lado de fora), etc.. Tudo era feito para que aquela pessoa realmente demonstrasse e provasse à comunidade cristã à qual pertencia que estava verdadeiramente arrependida.
É por isso que o São João diz que a comunidade não estava obrigada a rezar por aqueles que cometeram pecados “que levam à morte”, para que os cristãos realmente temessem (e muito) cometer tais pecados!

No contexto atual podemos dar a seguinte explicação doutrinal à passagem:
Nos textos acima se vê claramente que o Evangelista não está falando de um “pecado qualquer”. Ele fala que há tipos de pecado que “levam à morte” e que “para esse tipo de pecado” ele diz que não se deve rezar... Como é que pode isso? Não nos parece, na atualidade, no conhecimento que temos da Misericórdia divina, um absurdo?
Irmãos e irmãs, há uma diferença muito grande entre os tipos de pecados e entre os tipos de pecadores. Não que não sejamos TODOS pecadores, mas, há pecadores que pecam por fraqueza ou tibieza e há pecadores que, infelizmente, pecam com pura malícia, isto é, por maldade ou por rebelião e/ou indisposição contra a vontade divina, assumida com plena permissão da consciência e vontade.
Infelizmente, isso existe: há pessoas que pecam por maldade mesmo, plenamente cônscias do que fazem e o fazem por que querem, chegando mesmo a se “deleitarem” no pecado, a terem “orgulho” do mal que fazem... Triste, não é?
Pois bem, tais pecados levam verdadeiramente à MORTE da alma... Praticamente não adianta rezar pelo perdão desse tipo de pecado, pois, a pessoa mesma não quer ser perdoada de forma alguma! Ela acha que está certa: como irá se arrepender? Para que haja arrependimento e perdão, primeiro é necessário que o pecador sinta ou reconheça que errou, que pecou... Uma pessoa que sente prazer ou orgulho pelo mal que fez, como irá se arrepender? Muito, muito difícil! Quase impossível!
Podemos continuar rezando pela conversão dos pecadores, de todos os pecadores! Porém, esses pecadores que estão afundados na maldade com plena consciência e consentimento da vontade necessitam de um grande milagre da Graça e de um grande esforço pessoal para sair desse estado de desgraça ou impiedade.
Uma pessoa que está “mergulhada” em pecados que “levam à morte”, necessita, de um grande arrependimento, de um profundo reconhecimento de que errou, de uma busca muito grande do perdão de Deus e da Igreja, através do Sacramento da Reconciliação, e de uma satisfação perfeita de seus pecados. Gente, isso não é fácil! É necessário um verdadeiro MILAGRE da Graça divina para que isso aconteça...  
O Apóstolo e Evangelista São João, já nonagenário quando escreveu suas Cartas, é muito realista e experiente: ele sabe que os tais “pecados que levam à morte” deixam a alma do pecador, ou melhor, alma do ímpio (ímpio ou ímpia é aquela pessoa que não tem mais em si o dom ou a virtude da piedade cristã) de tal forma envolvida pelo pecado que fica muito, mas, muito difícil mesmo a sua conversão.
Aproveito aqui o “mote” para falar sobre os pecados contra o Espírito Santo.

II)              PECADOS OU “BLASFÊMIAS” CONTRA O ESPÍRITO SANTO

Jesus nos fala do “pecado ou blasfêmia contra o Espírito Santo”, que, segundo diz o próprio Senhor, “não terá perdão nem neste, nem no século futuro” (isto é, nem nesta vida, nem no purgatório).  Vejamos os textos:
Por isso, eu vos digo: todo pecado e toda blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não lhes será perdoada. Todo o que tiver falado contra o Filho do Homem será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste século nem no século vindouro. (Mateus 12, 31-32)
... “todo o que tiver blasfemado contra o Espírito Santo jamais terá perdão, mas será culpado de um pecado eterno”. (Marcos 3, 29)
“Todo aquele que tiver falado contra o Filho do Homem obterá perdão, mas aquele que tiver blasfemado contra o Espírito Santo não alcançará perdão”. (Lucas 12, 10)
O que Jesus quis dizer com essas palavras? Como é que pode? Como é possível alguém blasfemar contra Ele e poder ter perdão e alguém blasfemar contra o Espírito Santo e não ser perdoado? Que tipo de blasfêmia é essa?
Na verdade, pecar ou “blasfemar” contra o Espírito Santo não é apenas uma pessoa “dizer palavrões” contra a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, mas, a pessoa se colocar contra sua AÇÃO na alma. Como assim? Simples: todo e qualquer pecado do qual a pessoa não se arrepende, ou não quer se arrepender ou não acredita que possa ser perdoado, Deus não pode perdoar. O Espírito Santo é o Amor de Deus. Quando Deus perdoa, Ele exerce o seu Amor, sua infinita bondade e misericórdia. No momento do perdão, Deus Espírito Santo age com seu Amor. Pois bem, quando uma alma não está arrependida do mal que fez, obviamente não pede perdão a Deus, não é mesmo? Por isso, essa atitude da alma ÍMPIA (sem piedade) equivale a uma “blasfêmia” contra o Amor de Deus: o Espírito Santo. A alma simplesmente “recusa” a salvação, rejeitando a ação do Espírito Santo, isto é, sua advertência ou convite à salvação. A alma constrói uma “barreira” entre a Misericórdia de Deus e ela mesma...
Importante, aqui, que eu explique quais são os TIPOS ou MODOS de pecado contra o Espírito Santo. O Santo Catecismo da Igreja Católica ensina que existem SEIS tipos diferentes de pecado contra o Espírito Santo. Todos eles, na verdade, se correlacionam entre si. Envolvem ORGULHO, PREPOTÊNCIA, EGOÍSMO, CINISMO, RELATIVISMO, DESLEIXO e IMPIEDADE por parte da alma. Quem peca contra o Espírito Santo está muito afastado de Deus e numa condição de alma péssima, pois, para essa alma fica muito difícil a conversão. Por isso que Jesus fala que “será culpado de um pecado eterno”...


Quais são os tipos de pecado contra o Espírito Santo?

O Papa São Pio X (1903 – 1914), de santa memória, em Catecismo, classificou o Pecado contra o Espírito Santo em SEIS tipos. São eles:

- Desesperar da salvação: quando a pessoa perde as esperanças na salvação, achando que sua vida já está perdida e que ela se encontra condenada antes mesmo do Juízo. Julga que a misericórdia divina é pequena. Não crê no poder e na justiça de Deus.

2º - O segundo pecado é exatamente o inverso do primeiro, mas, é tão prejudicial quanto: a presunção de salvação, ou seja, a pessoa cultiva em sua alma uma ideia de perfeição que implica num sentimento de orgulho. Ela se considera salva, pelo que já fez. Somente Deus sabe se aquilo que fizemos merece o prêmio da salvação ou não. A nossa salvação pode ser perdida, até o último momento da nossa vida, e Deus é o nosso Juiz Eterno. Devemos crer na misericórdia divina, mas não podemos usurpar o atributo divino inalienável do Juízo.
O simples fato de já se considerar eleito é uma atitude que indica a debilidade da virtude da humildade diante de Deus. Devemos ter a convicção moral de que estamos certos em nossas ações, mas não podemos dizer que aos olhos de Deus já estamos definitivamente salvos.
Os calvinistas, por exemplo, afirmam a eleição definitiva do fiel, por decreto eterno e imutável de Deus.
A Igreja Católica ensina que, normalmente, os homens nada sabem sobre o seu destino, exceto se houver uma revelação privada, aceita pelo sagrado magistério. Por essa razão, os homens não podem se considerar salvos antes do Juízo.

3º - Negar a verdade conhecida como tal pelo magistério da Santa Igreja, ou seja , quando a pessoa não aceita as verdades de fé (dogmas de fé), mesmo após exaustiva explicação doutrinária. É o caso dos hereges.
Considera o seu entendimento pessoal superior ao da Igreja e ao ensinamento do Espírito Santo que auxilia o sagrado magistério.

4º - Inveja da graça que Deus dá aos outros. A inveja é um sentimento que consiste em irritar-se porque o outro conseguiu algo de bom. Mesmo que você possua aquilo ou possa ganhar um dia. É o ato de não querer o bem do semelhante. Se eu invejo a graça que Deus dá a alguém, estou dizendo que aquela pessoa não merece tal graça, me tornando assim o juiz do mundo. Estou me voltando contra a vontade divina imposta no governo do mundo. Estou me voltando contra a Lei do Amor ao próximo. Não devemos invejar um bem conquistado por alguém. Se este bem é fruto de trabalho honrado e perseverante, é vontade de Deus que a pessoa desfrute daquela graça.

5º - A obstinação no pecado é a vontade firme de permanecer no erro mesmo após a ação de convencimento do Espírito Santo. É não aceitar a ética cristã. Você cria o seu critério de julgamento ético. Ou simplesmente não adota ética nenhuma e assim se aparta da vontade de Deus e rejeita a Salvação.

 6º - A impenitência final é o resultado de toda uma vida de rejeição a Deus: o indivíduo persiste no erro até o final, recusando arrepender-se e penitenciar-se, recusa a salvação até o fim. Consagra-se ao Adversário de Cristo. Nem mesmo na hora da morte tenta se aproximar do Pai, manifestando humildade e compaixão. Não se abre ao convite do Espírito Santo definitivamente.


Bem, espero que essas explicações ajudem a esclarecer quaisquer dúvidas. Não deixemos de rezar pelos pecadores... Sempre! Tudo entreguemos a Deus para que Ele, pela intercessão da Santíssima Virgem Maria, dos Santos Anjos, dos Santos e Santas do Paraíso, possa alcançar a graça da salvação para muitos, pelos méritos infinitos da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Deus pode operar grandes milagres de conversão. Ele é o Senhor da Graça e a própria Misericórdia. Se muitos se condenam, não é porque sua Misericórdia é limitada, mas, porque, infelizmente, rejeitaram a Graça divina até o fim... 

(Giovani Carvalho Mendes, ocds) 

sexta-feira, 6 de maio de 2016

OS SÍMBOLOS DO LIVRO DO APOCALIPSE: quais são e o que significam?


"Besta", cores, números... Os símbolos presentes no Livro do Apocalipse.



Símbolos misteriosos, cores e números nunca escritos ao acaso. Quem fala deles é Ignacio Rojas Gálvez, autor do livro “I simboli dell’Apocalisse” (“Os símbolos do Apocalipse”, ainda sem tradução ao português).

Rojas afirma que, no livro do Apocalipse, São João usa os símbolos para nos fazer compreender alguns aspectos da Revelação divina. O autor do Apocalipse apresenta um mundo que foge à lógica e à experiência humana – e são incontáveis os estudos de exegetas que tentaram “traduzir” as mensagens do Apóstolo.

SÍMBOLOS

Entre os símbolos evocados por João, a dicotomia Céu-Terra indica espaços onde se desenvolve a liturgia e a luta entre o bem e o mal; o trono representa Deus; o Cordeiro em pé, imolado, é Cristo, morto e ressuscitado; os vinte e quatro anciãos são a totalidade que louva a Deus; um rolo com sete selos é o plano de Deus para a história e para a humanidade; o lago é um símbolo negativo: o lugar da rejeição de Deus.

ANIMAIS

Em Apocalipse 4,6-7, João cita quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por trás. O primeiro ser se assemelhava a um leão; o segundo, a um bezerro; o terceiro tinha aspecto como de homem; o quarto era semelhante a uma águia que voa. Os quatro seres viventes têm seis asas cada um e, ao seu redor e por dentro, são constelados de olhos. Estes seres vivos representam a Criação, a vida que flui de Deus. Cada animal simboliza a sua qualidade fundamental: o leão, a realeza; o touro, a força; a águia, a velocidade e a altura. Já um animal negativo como o dragão evoca o poder terrível do mal.

CORES NUNCA ALEATÓRIAS

João não vê a realidade em preto e branco, e não é casual o uso de uma cor em vez de outra. O detalhe cromático nas descrições revela o desejo do autor de expressar através das cores uma forte carga emocional. O autor pinta um universo caracterizado principalmente por cinco cores. A chave de interpretação das cores é determinada pela sua utilização no conjunto da obra. Os atributos que acompanham os personagens e a sua relação com o bem e o mal nos propõem uma forma de interpretar essas cores.

CORES POSITIVAS: Os tons positivos são o branco, simbolizando a transcendência e a vitória do Ressuscitado e dos que triunfam com Ele, e o dourado, o ouro puro, reservado por João à liturgia, a fim de simbolizar a proximidade do mistério divino.
CORES NEGATIVAS: Três outras cores representam a face negativa da história: o vermelho escarlate simboliza o demoníaco e o violento (por exemplo, o dragão); o verde amarelado representa a fragilidade da vida; e o preto indica a miséria, as ameaças e a injustiça social.


OS NÚMEROS

O número mais presente em todo o livro e o preferido pelo autor é o sete, que simboliza a totalidade, a plenitude, na esteira das tradições religiosas ancestrais. É, portanto, bastante lógico que o três e meio, metade do sete, indique a parcialidade e a transitoriedade. Um período de três anos e meio, por exemplo, é um tempo definido e concreto, que tem um fim certo. O número quatro, que indica os quatro seres viventes, é o número da totalidade cósmica e da ação universal de Deus, posta em prática por meio dos anjos que provêm dos quatro ventos.

666

O número seis foi o que provocou o maior debate desde os inícios. A sua relação com o número da besta e o convite enigmático ao vidente para decifrá-lo deu origem às mais diversas interpretações. Destaque-se o texto seguinte: “Eis a sabedoria. Quem tem entendimento calcule o número da besta: é número de homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis” (Ap 13,18).

A modalidade de interpretação mais antiga desse número é conhecida pelo nome de “gematria”, uma antiga arte com a qual, através da análise numérica de um texto ou de uma simples palavra, tentam-se deduzir leis e correspondências. A cada letra corresponde um valor numérico; por exemplo, A tem o valor 1 e Z vale 900. Aplicar a gematria ao número 666 significa descobrir um nome cuja soma das letras, hebraicas, gregas ou latinas, corresponda a esse valor. Com a gematria, vários nomes foram “calculados” e a besta foi identificada com diversos personagens históricos. Ao longo dos séculos, as interpretações da simbologia numérica 666 fizeram jorrar rios de tinta e sugeriram figuras históricas de todos os tipos, de Nero a Stalin, passando por Domiciano, Hitler, Martinho Lutero e até cada papa reinante, só para citar alguns.

Atualmente, a interpretação mais aceita é a que vê o número 6 como defeituoso, como uma “imperfeição clamorosa”; o símbolo, portanto, seria uma forma de manifestar que a besta é vulnerável.

12 e 1.000

O número doze indica plenitude, mas com certa nuance social: designa o povo de Deus representado no passado pelas doze tribos de Israel e no presente pelos doze apóstolos do Cordeiro. A sua soma simboliza a plenitude da revelação de Deus na história: assim, o Antigo e o Novo Testamentos são representados, juntos, pelo número vinte e quatro. Já o número mil indica a totalidade divina e a plenitude da ação de Deus. O tempo é sacralizado graças à presença e à ação de Cristo.

144.000

Até as operações matemáticas são importantes para a compreensão de algumas cifras. Por exemplo, 144.000, o famoso número dos salvos, pressupõe a operação 12 × 12 × 1000, ou seja: o povo de Deus na sua totalidade (doze vezes doze), guiado no tempo (1000) pela plenitude da ação salvífica de Cristo.

A Mulher do Apocalipse (Apoc. 12) simboliza a Virgem Maria e a Igreja,
vitoriosas contra o dragão infernal, símbolo do Mal e seus poderes (simbolizados
nas sete cabeças e dez chifres) que tentam destruir o Bem.