quarta-feira, 1 de março de 2017

DESCRIÇÃO DA FISIONOMIA DE JESUS, segundo Públius Lentulos, predecessor de Pôncio Pilatos.

Depoimento da expressão fisionômica de Jesus, encontrado na biblioteca dos Lazaristas, em Roma, na carta escrita ao César Romano, Tibério César, imperador de 14 a 37 D.C., por Públius Lentulus, da Judéia, predecessor de Pôncio Pilatos, que se refere a Jesus Cristo, que naquela época, nas terras da Palestina, principiava as suas prédicas.

“Do senador Públius Lentulus na Judéia ao César Romano: soube ó César, que desejavas ter conhecimento do que passo a dizer-te. Há aqui um homem chamado Jesus Cristo, a quem o povo chama profeta e seus discípulos afirmam ser o Filho de Deus, criador do Céu e da Terra. 

Realmente, ó César, todos os dias chegam notícias das maravilhas deste Cristo: para dizer-te em poucas palavras, dá vista aos cegos, cura os doentes, surpreende toda Jerusalém. Belo e de aspecto insinuante, é um homem de justa estatura, e sua figura é tão majestosa que todos o amam irresistivelmente. Sua fisionomia, de uma beleza incomparável, revela meiguice e ao mesmo tempo tal dignidade, que ao olhar-se para ele, cada qual se sente obrigado a amá-lo e a temê-lo ao mesmo tempo. O cabelo dele, até as alturas das orelhas, é da cor das searas quando maduras, emoldurando divinamente a sua fronte radiosa de jovem mestre; caindo em anéis reluzentes, espalham-se pelos seus ombros com uma graça infinita, sendo então de uma cor indefinível, como o vinho, claro e brilhante. Ele trás o mesmo apartado ao meio por uma risca à moda dos nazarenos. A barba é da cor do cabelo e não muito larga e também dividida. O olhar de paz é profundo e grave, com reflexos nos olhos de várias cores, e o que mais surpreende é que resplandecem. As pupilas parecem os raios do sol. Ninguém pode fitar-lhe o rosto deslumbrante. 
O seu porte é muito distinto. Possui encanto e atrai os olhares. Tão belo o quanto pode ser um homem belo, ele é ser mais nobre que imaginar se pode e muito semelhante à sua Mãe, mais formosa figura de mulher que até hoje apareceu na terra. Nunca foi visto sorrindo, mas já foi visto várias vezes chorando. Faz-se amigo de todos e mostra-se alegre com gravidade, e quanto é visto em público, aparece sempre com grande simplicidade. Quer fale, quer opere, fá-lo sempre com elegância e sobriedade. Toda gente acha a conversação dele muito agradável e sedutora. 
Fala um idioma de misterioso encanto e as multidões compostas de judeus e de naturais da Capadócia, Panfília, Cirene e de muitas outras regiões, ficam perplexas no ouvi-lo, pois cada qual o ouve como se fosse no seu próprio idioma pátrio. Se a tua majestade, ó César, deseja vê-lo, avisa-me que eu logo to enviarei. Apesar de nunca ter estudado, é senhor de todas as ciências. Em sua expressão divina, ele é a sublimação individualizada do magnetismo pessoal. As criaturas disputam-lhe a presença encantadora, as multidões seguem-lhe os passos, tocadas de singular admiração. Quase todos buscam tocar-lhe a vestidura, pois dele emanam irradiações virtuosas que curam moléstias pertinazes. Ele produz espontaneamente um clima elevado de paz, que atinge a quantos lhe gozam a excelsa companhia. Anda com a cabeça descoberta e quase descalço, a sua túnica alvíssima, combina com a sutileza de seus traços delicados. Muitas pessoas, quando o vêem ao longe, escarnecem dele, mas, quando ele se aproxima e estão a sua frente, então tremem e admiram-no.
De sua figura singular, extraordinária , de beleza simples, vêem um ‘quê’ diferente que arrebata as multidões, e essas se assemelham, ouvindo as suas promessas sobre um eterno reinado.
Os hebreus dizem que nunca viram um homem semelhante a ele, cuja sabedoria excede a dos gênios. Nunca ouviram conselhos idênticos, nem tão sublime doutrina de humildade e de amor, como a que ensina esse Cristo. Amável ao conversar, torna-se temível quando repreende, mas mesmo nesse caso, revela segurança e serenidade. É sobretudo sábio, modesto e muito casto. É um homem enfim, que por suas divinas perfeições excede os outros filhos dos homens.
Muitos judeus o têm por divino e crêem nele. Também o acusam a mim dizendo, ó César, que ele é contra a tua majestade, porque afirma que reis e vassalos são todos iguais diante de Deus, e assevera que acima do teu poder, ó César, reina único Deus todo-poderoso, consolador de todos os homens desesperados e aflitos.
Ando apoquentado com estes hebreus que pretendem convencer-me de que ele é prejudicial. Mas os que o conhecem que a ele têm recorrido, afirmam que ele nunca fez mal a alguma pessoa e, antes, emprega todos os seus esforços para fazer a humanidade feliz.
Estou pronto, ó César, a obedecer-te e a cumprir o que me ordenares”.

Iniciamos HOJE, dia 01 de março, o tempo quaresmal. Além de ser um tempo de conversão, de busca de Deus, de penitência e de oração, creio que seja momento propício para amarmos o Senhor não somente em sua divindade, digníssima de toda adoração, mas, também em sua humanidade santíssima. Santa Teresa, nossa mãe, centralizava sua espiritualidade na contemplação e no amor à Santíssima Humanidade de Cristo. Sim! Temos que amar, venerar, honrar e adorar a Humanidade de Jesus, nosso Senhor, pois ela está hipostaticamente unida à divindade do Verbo, Segunda Pessoa da Trindade. A única Pessoa, divina, de Cristo tem duas naturezas: divina e humana e ambas são dignas de honra, glória, louvor, adoração e toda reverência. 
Contemplemos mais amiúde a Face adorável de Cristo. Contemplemos seu Sacratíssimo Coração. Contemplemos suas Santíssimas Chagas e seu Preciosíssimo Sangue. Certamente, se o fizermos, nos aprofundaremos na contemplação da divindade que se dignou assumir a nossa humanidade em Cristo Jesus.
Giovani Carvalho Mendes, ocds
(Irmão João Maria da Encarnação) 

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